sexta-feira, 22 de abril de 2011

Viver em vida

Vem o fim do meu tempo, e levo comigo uma serenata no peito.
Protinha só para você.
Mas você terá de me desafiar a recitá-la!
Pois não sairá de mim sem tua ajuda!

Levarei para meus sonhos não realizados os ideais de uma vida.
Meus motivos são o fim!
Pois só tenho os meios.

Meu único Fim!
É o sono!
O herói diz: "ai que preguiça!"

A mediocridade domina, mas não a mim.
A minha arrogância é resultado da sua doença.
Não que seja contagiosa, só tenho nojo dela!

J. P. Morgado

Ode ao Filósofo

Era uma vez um ser…
Não se sabe o sexo deste ser
Mas sabe-se que é um ser… pensante

Descria-se em tudo
Pois era livre
E acreditava-se em tudo de si mesmo

Alguns anos se passam
E ele não mais transvestia-se em vestes comuns
E algum tempo mais tarde já vestia mais nada

Passava-se nu, todo o tempo
Logo seus pelos de todo o seu corpo param de crescer

Ficaram apenas os da cabeça, longos, enormes cheios de cachinhos
E por muito tempo foi assim até que um dia, tudo caiu e ficou careca.

J. P. Morgado

Amor em Calvário

Meus pensamentos já se foram
Entram, ficam, degustam, usufruem.
E vão embora, pois já estão satisfeitos

Por que você está aqui ainda?
O que tem de tão saboroso aqui para você?

Direi-te palavras que lhe arrancarão do ceio
Não vale a pena ficar aqui capinando grana do deserto
Terás de decifrar-me ou então devorar-te-ei!

Se insiste em ficar, então!
Me agrada a tua presença 
Lutarei com os espinhos dentro de mim!
Um por um caminharei no calvário

Não quero que vá!
Pois só de sentir você em minha mente, meu corpo,
Torno-me honrado
És um fruto verdadeiro de um acaso bem feito!

Cada vez mais vejo que sou uma parcial de tudo!
E imparcial com tudo!

J. P. Morgado

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Paixões Brasileira

1907, éramos muitos, éramos famílias inteiras migrando para um novo mundo, desconhecido. Deparamos com idioma, cultura, pessoas, tudo diferente do que nós respeitávamos, um grande desafio capaz de mudar nossas vidas.
Levamos décadas para nos adequar à nova vida, alguns de nós decidiram voltar para querida terra do sol nascente, nós os fortes e ousados, ficamos, criamos raízes, porém, lutávamos para manter a pureza de nossas famílias, para que não fossem mesclados por esse clima quente.
1950, Hidetaka, Família do meu “amor prometido”, mas como amor, se não há amor?
Quando completei dezoito anos soube que meus pais haviam prometido minha mão em casamento à Augusto Hidetaka, a única coisa que me recordo desse ser é quando o vi em um parquinho de esquina na praça da liberdade, quando éramos crianças, logo após este momento me deixei tomar por uma pura insanidade, meus cabelos eram lisos mas isso não quer dizer que minha fortaleza era fácil de ser escalada, esbravejei, quebrei, só não amaldiçoei, se não fosse por minha mãe e minha avó de conter a minha ofensa à família, porém foi o suficiente para decepcionar meu pai. Saí de casa para me acalmar.