Eu ouço essas pessoas mexendo na minha mente o tempo todo. E nenhuma delas sabe onde mexe, e quando elas menos esperam, algo sai errado, eu mato cada uma delas com as mãos que elas mesmas programaram para agir deste modo.
Não vale a pena deixa estas pobres crianças brincarem com o meu corpo, pois elas têm os delas mesmas e não sabem senti-los, e privam-se de um dos maiores males que ocorreram para a condição humana, a consciência.
Talvez eu seja tudo o que elas podem ter, por que se vêem de modo tão grande que se amedrontam, só de saber que sou elas mesmas, fazendo de conta que estou brincando também.
Não procure saber de mim nos antigos gregos faça o que é a ti mesmo sem falsear-te. Quero falar com humanos, não com os animais que vejo andando pelas ruas.
Joguem-me nas suas vidas, para que assim eu me faça vida, fora desta jaula que tanto me mantêm. O pior é que quanto mais me mantém aqui pior ficará no seu futuro.
Sou uma onda, que vem de vez em quando, e o faço apenas para acalmar o animo de quem se chateia com a morbidade do costume, podes se quiser ficar aí em teu lugar me admirando nesse buraco que você diz ser apenas seu, mas cuidado, se me deixa para poucos momentos de sua vida, mato tanto quanto for possível levando comigo tudo o que me é de direito pelo tempo que me aprisionaste.
Quando acabar de usufruirdes de mim, verás que seria muito melhor se já me tivesse soltado há muito tempo, pois as crianças estão sempre ao meu redor, as verdadeiras crianças, pois aquelas que não se contentam com elas mesmas começam a deturpar-se, se tornar seres que são tudo! Menos eles mesmos!
Eles querem e anseiam muito por isso, ser tudo, qualquer outra coisa que não sejam eles mesmos, mas no fundo, simplesmente não são!
J. P. Morgado
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