sábado, 18 de junho de 2011

Para Mantermos a Insanidade


Façamos uma festa, mas o que comemoraremos?
O que é tão importante para você?

Se for isso que tanto queremos,
Então que seja isso, a ser comemorado nesta nossa noite,
Pois cada passo adiante é uma desilusão
Pois cada passo adiante é um feito.

Só quero que não morramos de tanto comemorarmos

A perfeição mora ao nosso lado!
Somos imperfeitos, um para o outro

Desequilíbrio
Pois o que já nasce equilibrado, feito
Não tem graça…

J. P. Morgado

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

sábado, 11 de junho de 2011

Só para você!


Morremos meu amor! Morremos um para o outro, eu quero continuar a te aconselhar, pois não quero que você se derrame na sua fraqueza (não me ouvir), quer mesmo continuar meu caminho com você, mas você não me escuta, as mesmas palavras passam pelos seus ouvidos, e você continua a me ignorar, como posso te amar tanto assim? Melhor que seja assim, tudo que não quero é você se obrigando a me amar, por não ter nada melhor. Acho que se eu morrer, como estou fazendo nesse momento, um dia você notará minha importância.
Talvez eu não tenha mesmo o tamanho que você precisa, mas tente saber que eu nunca vou atingir esse tamanho que você almeja, por que os tamanhos, para alguém como eu, são falsos e puramente fúteis!
Há muito tempo que tinha puras esperanças de um dia poder ser teu, mas minha mente voltou desse devaneio andante. E como sempre fui, e continuarei sendo, um caminhante, sem um destino, pois para mim são frutos de pura mentira, meus caminhos se fazem diretamente a outros devaneios, mas agora do meu ser, e assim ninguém tentará adentrar nele, pois cada um tem o seu destino, o meu é o caminho.

J. P. Morgado

Passagem

Para tirarmos o sexo temos que fazer roupa.
Minha roupa some na dentro de mim, e lá fica.

Em cima da cadeira gritamos a liberdade em nossos corações

Tocamos o mundo da filosofia
A surpresa feita nas melodias
Nas calmas ondas eu me apaixono
Cuidado!

O atrito me põe em outro corpo
Nesta montanha acontece a votação falsa
Pervertidos!

Filosofamos na Grécia antiga
Bêbados não são rei e nem tem autoridade!

O meu amor não cairá no chão
Chegamos ao céu de coragem

Ponto a ponto do relógio nós não aparecemos dentro das fotos e fatos!

J. P. Morgado

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os Olhos



Numa noite de céu e de sensações turvas
Mas com a lua, em seu auge de brilho.
Onde luzes artificiais são desnecessárias.
Onde uma cidade teatral se cala por uma noite.

Caminhamos por um beco sem luz artificial,
Porém, com tal majestade, não é necessário
Refletido sobre essa luz, me embriago,
Perdido em mundo só meu.

Estes olhos de lince!
Esses olhos de Obliqua!
Esses olhos de dissimulação!
Teus olhos de cigana!

Passou-se tão rápido!
Mas para que?
De que vale tais olhos
Se eles se fecham quando seus lábios me tocam.

J. P. Morgado